O blogue da velha

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vida de prefeita

Sábado, véspera do dia das mães e aniversário de quatro anos de Luan, tenho que comprar umas lembrancinhas, levar Davi para cortar o cabelo, levar o vídeogame para a manutenção, abastecer a casa, confeitar um bolo para Luan... etc.
 
No shopping com Davi cobrei presente. Ele tá cheio da grana e eu tenho que treiná-lo no bom caminho. Apontei vitrines e ele escorregava sem me confrontar. No salão onde cortou o cabelo ele ganhou uma amostra de um produto. Deixou a timidez de lado, me abraçou, me beijou e desejou feliz dia das mães em alto e bom som no meio de todo mundo. A mulherada riu e se enterneceu enquanto ele me presenteava com a amostra grátis. Eu me senti "a própria". 
 
Em casa quando eu disse a Lulu que ia confeitar o bolo, ela ponderou. É que ela sabe que se eu entrar em transe viro a noite caprichando. 

- Mãe, eu preferia que você chegasse cedo para o dia das mães em Busca Vida.
- Mas eu vou confeitar o bolo hoje, Luciana.
- Então eu preferia que você chegasse descansada em Busca Vida amanhã...
 
Tão boazinha a Lulu, mas chegou à noite sem comprar a anilina vermelha que pedi. Liguei para Diógenes que estava na rua tomando umas e eu pedi que ele trouxesse a anilina. O "sempre diplomático" me perguntou calmamente se eu achava justo que ele saísse da farra para comprar anilina. Claro que não era justo, só era bom. Então eu tive que decidir que o bolo, um coração, ia ser branco mesmo. Eu explicaria a Luan e a todo mundo que era um símbolo da paz...
 
Lulu, umas 11 horas da noite, na mesa da copa comigo:

- Mãe, você sabe que eu lhe admiro muito porque você fica até tarde confeitando bolo para o seu netinho, não é?
- Sei, filha.
- Mas você sabe que eu vou dormir mesmo assim, não é?
 
É, eu sei. Nada disso pra mim é novidade mas parece interessante quase todo dia.

Luan não me elegeu

Na falta eventual da empregada eu até me divirto lavando roupa. Da casa ao lado ouço uma música que aprendi quando criança, e boto a boca no mundo: - Eu nunca mais vou te esqueceeeer, meeeu aaamooor!
 
Quando Luca e Luan chegam da escola eu tô cantando na cozinha, a comida quase pronta, mas não faço sucesso com Luan.

- Páia de cantá, vó!

Eu continuo, ele se altera:

- Eu já falei pá você paiá de cantá, vó!

Eu argumento, conciliadora:

- Porque, amor, você não gosta da música?
- É pá paiá de cantá, vó! - ele grita.

Eu não deixo por menos e respondo com firmeza:

- Não vou parar não. Eu estou gostando de cantar. Quando você canta eu acho lindo e não mando você parar, não é?

Ele fica nervoso:

- Mas, mas, ...eu já falei pá você paiá, entendeu?
- Mas você não manda em mim, Luan! Na verdade, você precisa entender que sou eu que mando nessa casa e nessa família!  
- Mas, mas, mas..., mas..., mas..., mas..., mas..., mas..., você não é a prefeitura não!
    
Deixei pra lá..., essa conversa deu o que tinha que dar. O cargo de prefeita não eleita me cai muito bem e eu vou continuar tentando mandar nessa casa e nessa família.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Isso pega

Davi tava deitado aqui em minha cama conversando sobre a viagem. A certa altura emendei algum dos inúmeros pedidos que ele me faz a um clássico...:

- Tudo bem mas estude, viu?

Ele sorriu e fez um gesto de quem não entendeu a relação com as mãos. Quietou um pouquinho e depois me contou, meio indiferente ao que estava dizendo:

- Hoje eu consegui reunir a sala toda e levar na diretoria.

- Porque?

Ele explicou uma história que tem a ver com a correção da prova de geografia e contou detalhes do caso. Detalhes interessantes.

Depois disse que vão fundar um grêmio no colégio. Eu perguntei o que ele vai ser do grêmio. Ele disse indiferente que não sabe. Eu disse como não sabe? Ele disse:

- Não sei, mãe. Eu só dei a idéia.

Parece que essa idéia aqui em casa pega, é contagiosa.  

terça-feira, 12 de abril de 2011

Davi e o celular

Um dia eu conversava com outra mãe e explicava que Davi estava sem celular porque estava de castigo. Aí informei quantos celulares ele tinha quebrado/perdido em uns três anos. Ele tava por perto e me corrigiu. Eu tinha esquecido de mais um.

Quando ele saiu de um ano de castigo dei um aparelho bacaninha pra o moleque e em pouco tempo a coisa estava quebrada. Levei pra consertar. Cheguei em casa com o orçamento inviável e o aparelho na mão, sentei, mandei ele sentar, e fiz um sermão misturado com lamentação de eu ter caído na besteira de dar aquele presente pra ele. Ele ouviu quieto, cabeça baixa, uma olhadinha discreta de vez em quando pra mim, cara de conformado. Eu conclui com um gesto semi-dramático, empurrando o aparelho para o centro da mesa:

- Taí. Não serve mais pra nada. É lixo. Agora pelo menos cuide de levar para o lixo apropriado. Ou você quer que eu faça isso também?

Levantei e fui saindo. Ele me chamou:

- Mãe?
- Hum.
- É lixo mesmo?
- Ééé, Davi!
- Mãe, eu sempre tive vontade de jogar um celular na parede. Posso?
- ..., ..., pode, né? Mas lá na área de serviço, na cerâmica.

Ele catou o aparelho na mesa, foi pra área e o explodiu contra a parede em um movimento só.

(Eu tive que ser esperta pra chegar junto a tempo de assistir tudo. É que de vez em quando também tenho vontade de fazer isso).

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Luan e o vento

Eu estava arriada no sofá enquanto Luan corria pela casa. Ele não parava e nas idas e vindas passava por mim.  Enquanto pensava como é bom morar em uma casa grande, eu o apreciava encantada. Ele sabia que estava sendo observado e, arfando, animado, parou para conversar.
- Eu córro pá o vento ficá dotoso, vovó!
- Gostoso como?
- Aqui, ó!  (ele indicou o externo tocando-o com quatro dedinhos bem juntos)
- Anh...
- Dotoso mermo!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Líder de classe

Hehe,
 
Na eleição para líder de classe na sala de Davi fui aclamada por unanimidade!

UAU !

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A garçonete feliz

De manhã, todos ainda dormiam, mas assim que comecei a fazer barulho na cozinha Luan apareceu. Eu o saudei animada:
 
- Bom dia amor! Quer uma maçã ou uma banana?
- Biscoito.
 
Eu ri. Ele completou, sério, enquanto escalava a cadeira:
 
- E Nescau e iogute.
 
Eu não respondi, levei um biscoitinho à mesa e voltei para a cozinha. Depois de uma pequena pausa, ele falou para si mesmo:
 
- Eu escolhi tudo.